Não pretendo nestas linhas afirmar que o processo de midialização vivido hoje é 100% bom ou ruim, pois nunca devemos generalizar coisas híbridas.
O texto do Prof. Dr. Victor Andrade de Melo da UFRJ me levou a refletir sobre esta temática tão presente nos processos de produção cultural.
O texto que recebe o título "A CIDADE, O CIDADÃO, O LAZER E A ANIMAÇÃO CULTURAL" carrega diversos questionamentos que nem mesmo será mencionado neste post. Mas quero atentar-me para alguns pontos que considero relevantes para esta discussão.
O processo de urbanização desordenado que foi se instalando nas últimas décadas nas grandes metrópoles, trouxe um crescente abismo social entre o centro e a periferia.
Se pararmos para observar a distribuição geográfica dos bens culturais pelas cidades, vamos perceber que eles se encontram, em sua grande maioria, nos bairros mais nobres e centrais, o que torna seu usufruto privilégio de uns poucos.
Outra questão que merece ser mencionada aqui é a tendência de privatização dos eventos culturais públicos, e aqui destaco a midialização da atualidade como vilã neste processo, pois ao constitui padrões estéticos específicos, para que uma manifestação cultural possa ser comercializada, trata a cultura como mercadoria que pode ser contabilizada monetariamente.
Quando tratamos a cultura como produto de mercado, temos a perda da sua gênese que é o fator agregador tornando-a seletiva e exclusiva.
Nomear como cultura apenas os espetáculos esteticamente organizados, é algo extremamente perigoso para a manutenção da cultura de um povo, aquela que é transmitida oralmente, que nos liga a raízes do passado. Entretanto, a midialização das manifestações fez com que as mesmas ganhassem visibilidade.
Observamos então que a midialização não é totalmente vilã, pois ela ajuda na divulgação das manifestações culturais, embora ela formate essas manifestações fazendo com que elas deixem de ser populares e agregadoras.