segunda-feira, 18 de abril de 2022

Teatro e Páscoa

É muito interessante falar de teatro em datas comemorativas, pois a maioria das escolas recorrem ao teatro para compor suas programações de eventos e muitas vezes dar um pontinho a mais para os alunos que participam. Entretanto não é sobre isso que venho falar. Quero falar sobre os dias que antecedem a Páscoa no qual se encena uma das peças mais vista no mundo todo, a chamada Paixão de Cristo.

Este espetáculo que rememora os últimos momentos da vida de Jesus na terra é fantástico, pois revela a beleza do amor em meio a tanta dor e a morte.

A paixão de Cristo é extremamente poético, por falar de amor de uma maneira tão visceral.

O amor que leva ao extremo. Que leva a morte.

Rememoro as grandes histórias de amor de outros tempos como Romeu e Julieta, outro clássico belíssimo que merece um post só para si.

Temos muitos temas recorrentes que o teatro encena, mas o amor é o maior deles, e o mais nobre também.

Eu particularmente, me emociono muito com a Paixão de Cristo e com a encenação da Ressurreição, que é apresentada no domingo de Páscoa, pois reafirma o próprio significado da palavra Páscoa, que é passagem. Passagem da morte a vida, do amor que sai de si e se entrega sem medida, e assim da vida que se renova.

O teatro nos permite refletir sobre a vida como um todo, mas principalmente como estamos vivendo a nossa vida.

Será que estou nesse momento de passagem? 

Será que meu amor transcende a vida?

São tantas questões que só o entregar-se ao teatro pode responder, pois em cada personagem eu construo um pouco de mim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Teatro e Carnaval

Imagem retirada do google imagens


Quando olhamos para a história do teatro, podemos perceber que ela conta a história mundial com facilidade, pelo fato do teatro contar sobre a vida, logo ele retrata a história pertencente a um povo e registra como eram as características sociais de uma determinada época.

Quando o tema é TEATRO e CARNAVAL, é muito interessante perceber que a festa "mundana" que a igreja católica de certa forma condena, na verdade está mais ligada ao catolicismo do que se possa imaginar. Isso se dá ao fato do carnaval ser o último momento de desfrutar da comida, bebida e desejos sexuais, antes da quaresma que é um tempo de jejum e abstinência.

Entretanto não é sobre a relação do cristianismo e o carnaval que este texto será embriagado e sim de teatro.

Na antiguidade grega, temos o marco que consolida o teatro na história da humanidade, e esse inicio se dá a partir de um culto religioso chamado Dionisíacas, que se tratava de um rito oferecido ao deus Dioniso, o deus do vinho.

O rito denominado de bacanal que era dedicado a Dioniso, era regado de vinho, luxuria, alegria, frenesi e festa. Logo esses princípios são semelhantes ao que o carnaval permite aos foliões.

Ao longo da história podemos observar outros pontos que o carnaval busca no teatro elementos para sua composição, como por exemplo o uso de máscaras e as personagens como Pierrô e Colombina, que pertencem a comédia dell'arte.


Quem quiser se dedicar um pouco mais sobre o assunto, pode dar uma olhada nesses e em outros links.

Uma fonte para aprofundar

Outra fonte para aprofundamento

Um artigo muito interessante sobre Comédia Dell'Arte

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Uma breve reflexão sobre o texto "Aquele que diz sim, Aquele que diz não" de Brecht

 Por Patricia Grigoletto

A peça “Aquele que diz sim, Aquele que diz não” de Brecht, é uma união de duas histórias com dois finais diferentes.
Este texto foi proposto por mim para a turma 2021.2 do curso Técnico em Teatro da Escola das Artes São Lucas, escola na qual trabalho.
Para esta empreitada, partimos de leitura e análise da peça. Em seguida a compreensão das personagens e ai a experimentação cênica para a construção do espetáculo.
Quero partilhar aqui uma breve análise deste texto que foi enriquecedor para todos os envolvidos no processo.
O texto de Brecht, “Aquele Que Diz Sim, Aquele Que Diz Não” conta a história de uma cidade que foi assolada por uma epidemia muito perigosa (Qualquer semelhança com a pandemia da covid-19 não é mera coincidência, pois queria falar sobre isso com a turma também).
A personagem denominada por menino está com sua mãe muito doente e depois de receber a visita do professor, decide acompanhar um grupo numa expedição às montanhas em busca de remédios e instruções que podem curar a doença da sua mãe. Porém no percurso da viagem o menino acaba adoecendo, e neste momento somos levados a nos questionar sobre a decisão a ser tomada.
Na parte do texto que corresponde “Aquele que diz sim”, o grupo julga a doença do menino a partir do “costume” que diz que o quem não consegue continuar a viagem deve ser deixado para trás, para não atrapalhar o objetivo da missão. E assim o menino é jogado no penhasco seguindo o antigo costume e depois dessa ação a peça se conecta ao começo de tudo e somos convidados a experiênciar outro final.
Na versão de “Aquele Que Diz Não”, no exato momento em que o menino é indagado sobre estar de acordo com o antigo costume, diferentemente da primeira parte, ele agora diz não. Ele não esta de acordo em morrer e exige que retornem para a cidade e o levem de volta para a sua mãe.
Argumentos são colocados neste momento da peça que leva o espectador a refletir sobre tudo o que viu, desde a primeira parte quando nada muda e o menino é brutalmente assassinado por seus companheiros em nome de um antigo costume e agora neste momento no qual o menino exige que um novo costume se crie, o de analisar caso por caso, e tomar a decisão a partir do que se pode julgar naquele momento, por aquelas pessoas que estão envolvidas na situação, pois precisamos rever nossas práticas diariamente e não nos deixarmos acreditar que existe uma verdade absoluta na qual estamos fadados a nos submeter.

 


quarta-feira, 24 de março de 2021

Por que se preocupar?


 Este é um pequeno trecho do livro "Em busca de um teatro pobre" de Jerzy Grotowski.

Quero aqui ventilar este questionamento feito por ele... Por que nos preocupamos com a arte?

Olhando para este fragmento me deparo com visceral que o sentido da arte, o sentido do teatro para a sociedade, mas principalmente para mim. Eu artista docente que vive um intervalo de palco por conta da pandemia da covid-19 que se mantêm ainda em 2021.

O teatro é minha existência, mesmo sem estar apresentando nos palcos, eu o vivo, o estudo, o observo e ele assim me nutri.

A arte preenche o vazio e se nos permitimos inundar dela, nossa vida nunca mais será a mesma. A visão de mundo muda e nos tornamos mais sensíveis e observadores de nós mesmos.

A arte é salvação, o teatro é a minha salvação e a salvação de quem se deixa seduzir pela nobre arte teatral.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Somente uma reflexão

 Eu sinto falta de produzir teatro...

De estar dentro de um teatro, montando luz ou a encenação total do espetáculo...

A pandemia arrancou de mim isso e eu permaneço vivendo com essa abstinência.

Durante essa ano pandêmico, eu me vi mais ansiosa, mais religiosa... 

Tento manter o otimismo, mas nem sempre consigo, pois cada vez mais vejo os alunos deixando para depois, os estudos do teatro.

Juro que entendo o sentimento, pois eu também anseio pela volta das práticas coletivas, da energia da troca e da cena. Porém o vírus nos fez frear, refletir e analisar.

Eu creio que tudo tem um proposito e que somos capazes de resolver as coisas, basta decidimos que é o nosso momento, a nossa ora e viver as dificuldades e aprender com elas.

Acredito que isso serve para tudo na vida e que a pandemia está me mostrando isso todos os dias. Que temos que continuar fortes, críticos, segundo o nosso amor e não nos deixando seduzir por sentimentos que invadem nossa mente, nós não podemos permitir que invadam o nosso coração e baguncem  as certezas e nos afastem do amor da nossa vida. O teatro.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O que significa a palavra Teatro?

 Quem ama, sente e vive teatro em sua vida, esta em constante estudo e questionamento da realidade na qual esta inserido.

Em estudos a partir da obra "Em busca de um teatro pobre" de Jerzi Grotowski, me deparei com este trecho que me levou a reflexão sobre o que significa teatro para mim e como o sinto em minha vida neste período de pandemia, no qual minha prática teatral mudou radicalmente.

Trago o trecho do livro que me levou a repensar essa questão.



segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Pensamentos que transpassam nossa mente

 É impressionante como funciona a mente de uma artista, pois quando iniciamos o ano de 2020, eu estava cheia de projetos, alimentando sonhos, criando cenas para um espetáculo. De repente tudo parou. Eu achei que seria um tempo de auto-análise e que seria proveitoso, mas não foi. O tempo foi passando e minha mente quase paralisando, assim como a vida fora das paredes de minha casa.

As atividades domésticas foram preenchendo meus dias, bem como as séries, mas nada me fazia sentir-me completa, mas não conseguia identificar o que era e então voltei a trabalhar, dando aulas de teatro, em casa.

Ainda estou dentro de um parêntese, de um intervalo na vida, na minha vida.

O vírus contaminou tudo e ainda estou buscando a minha cura.

Decidi falar sobre isso tudo em um espetáculo, tipo transformar as sensações em algo cênico e assim expurgar do meu ser todo esse sentimento pesado que perpassa por mim, mas até isso esta difícil, pois mesmo sabendo o que quero, me falta motivação para agir.

Espero que a humanidade cresça com tudo isso e se torne mais generosa em todos os sentidos.

Estamos vivendo momentos difíceis com muitas perdas. Perdas estas que que vão levar quem sabe mais de uma vida para curar.

Histórias não concluídas, sofrimentos gerados, perdas inigualáveis, sentimentos confusos, sonhos interrompidos, vidas paralisadas.