quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Uma breve reflexão sobre o texto "Aquele que diz sim, Aquele que diz não" de Brecht

 Por Patricia Grigoletto

A peça “Aquele que diz sim, Aquele que diz não” de Brecht, é uma união de duas histórias com dois finais diferentes.
Este texto foi proposto por mim para a turma 2021.2 do curso Técnico em Teatro da Escola das Artes São Lucas, escola na qual trabalho.
Para esta empreitada, partimos de leitura e análise da peça. Em seguida a compreensão das personagens e ai a experimentação cênica para a construção do espetáculo.
Quero partilhar aqui uma breve análise deste texto que foi enriquecedor para todos os envolvidos no processo.
O texto de Brecht, “Aquele Que Diz Sim, Aquele Que Diz Não” conta a história de uma cidade que foi assolada por uma epidemia muito perigosa (Qualquer semelhança com a pandemia da covid-19 não é mera coincidência, pois queria falar sobre isso com a turma também).
A personagem denominada por menino está com sua mãe muito doente e depois de receber a visita do professor, decide acompanhar um grupo numa expedição às montanhas em busca de remédios e instruções que podem curar a doença da sua mãe. Porém no percurso da viagem o menino acaba adoecendo, e neste momento somos levados a nos questionar sobre a decisão a ser tomada.
Na parte do texto que corresponde “Aquele que diz sim”, o grupo julga a doença do menino a partir do “costume” que diz que o quem não consegue continuar a viagem deve ser deixado para trás, para não atrapalhar o objetivo da missão. E assim o menino é jogado no penhasco seguindo o antigo costume e depois dessa ação a peça se conecta ao começo de tudo e somos convidados a experiênciar outro final.
Na versão de “Aquele Que Diz Não”, no exato momento em que o menino é indagado sobre estar de acordo com o antigo costume, diferentemente da primeira parte, ele agora diz não. Ele não esta de acordo em morrer e exige que retornem para a cidade e o levem de volta para a sua mãe.
Argumentos são colocados neste momento da peça que leva o espectador a refletir sobre tudo o que viu, desde a primeira parte quando nada muda e o menino é brutalmente assassinado por seus companheiros em nome de um antigo costume e agora neste momento no qual o menino exige que um novo costume se crie, o de analisar caso por caso, e tomar a decisão a partir do que se pode julgar naquele momento, por aquelas pessoas que estão envolvidas na situação, pois precisamos rever nossas práticas diariamente e não nos deixarmos acreditar que existe uma verdade absoluta na qual estamos fadados a nos submeter.

 


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